MOSQUITOS E MUITA LAMA – EL CHACO

Texto & Fotos: Robert Ager & Grace Downey (neste trecho, o nosso amigo Claudio Ziggy estava de férias viajando conosco).

Mesmo sendo fim de tarde, ainda estava muito quente e abafado quando fizemos a última curva na estradinha de terra. Havíamos chegado ao nosso primeiro destino e foi então que questionamos:

— Paramos aqui ou vamos em frente?

Até então tudo tinha sido tranqüilo, apesar da lama e de muita areia. Começamos a achar até estranho tudo o que o pessoal havia dito sobre as condições das estradas, e da possibilidade de o caminho estar intransitável. Nosso maior problema até aquele momento havia sido enxergar a estrada através das “nuvens” formadas por milhões de lindas borboletinhas brancas, que levantavam vôo quando chegávamos perto das poças d’água.

Estávamos na beira do Chaco, uma enorme planície que se estende por grandes áreas do Paraguai, Argentina e Bolívia. Devido às condições inóspitas e ao terreno irregular, foi um dos últimos lugares a serem colonizados pelos europeus, e também onde os índios se mantiveram por mais tempo. Hoje, o Chaco continua selvagem e inabitado, a mais de 200 quilômetros de qualquer povoado e onde a natureza ainda leva vantagem.

A opção mais sensata teria sido acampar ali mesmo e seguir pela manhã, descansados. Mas não, estávamos empolgados demais! Cumprimentamos o guarda florestal, fizemos a curva e seguimos parque adentro. A princípio tudo estava tranqüilo, apenas o caminho era um pouco mais estreito. De repente chegamos a um trecho bem “cabeludo”, de uns 300 metros, cheio de barro e muita lama. 

Paramos, olhamos um para o outro e, sem pensar duas vezes, com muita adrenalina, seguimos adiante. Em segundos tudo mudou! Perdemos completamente a tração e as rodas dianteiras e traseiras patinavam como loucas. O carro realmente encalhou. Pior, contra todas as recomendações, continuamos a acelerar, só para afundarmos mais ainda!

Com várias árvores por perto, ficamos menos aflitos, pois sabíamos que o guincho nos tiraria dessa enrascada. Tudo sob controle, estávamos confiantes e curtindo nosso primeiro desafio com um pouco de aventura.

Abrimos as portas e saímos para avaliar a situação. Foi quando descobrimos por que as pessoas riam tanto quando dizíamos que estávamos a caminho do Chaco.  Os mosquitos e pernilongos não perderam tempo, e o ataque logo começou. Nunca havíamos visto ou sentido nada igual, e olha que estávamos acostumados com uns bichinhos bem agressivos no Brasil.

Eles estavam em todo lugar e suas mordidas atravessavam até nossas roupas, sem falar da pele! Fugindo deles, pulamos para dentro do carro, só para descobrir que a maioria deles teve a mesma idéia! Estávamos fechados numa prisão cheia de monstrinhos. A satisfação de esmagar um deles diminuía pelo fato de ser o nosso próprio sangue se esparramando e, além disso, ainda havia mais uns 20 comendo nossos pescoços. Como essas coisinhas tão pequenas podem comer tanto em tão pouco tempo?! 

Não podíamos fazer nada a não ser enfrentá-los e fixar o guincho em alguma árvore. Isso definitivamente não era o que tínhamos em mente quando dissemos que iríamos testar o equipamento “na hora”. A primeira árvore que escolhemos era pequena demais e ficamos olhando indignados enquanto ela foi arrastada em direção ao carro.

— Não é assim, o carro é que devia estar se mexendo!

Nós xingávamos e os mosquitos comemoravam! Tentando ignorar os espinhos e o mau cheiro do lamaçal, escolhemos logo a maior árvore que encontramos. Para nosso grande alívio, desta vez o carro foi guinchado totalmente para fora do atoleiro. Comemoramos! Tivemos de repetir esse processo mais quatro vezes e, apesar de estarmos encharcados, imundos e cheios de picadas, estávamos felizes da vida! Porém, tudo tem um limite e resolvemos voltar para o acampamento.

Chegando lá, o guarda não se surpreendeu nem um pouco e ainda comentou:

— Ah! Isso aconteceu comigo outro dia e tive de usar o guincho nove vezes para conseguir passar.

Da próxima vez, perguntaremos antes. Só nos restava sorrir e montar acampamento. Naquela noite, debaixo de um céu estrelado, cuidamos dos ferimentos e brindamos nossa primeira aventura com uma cerveja gelada. No dia seguinte, com espírito renovado, mangas e calças compridas reforçadas e um belo “coquetel de repelentes”, enfrentaríamos El Chaco novamente.

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